Nos anos 80, o movimento orgânico tinha várias correntes de ação, da agroecologia até biodinâmica. Nos anos 90, a discussão da lei deixou claro que todas as atividades eram convergentes porque todo o sistema defendia o mesmo: uma agricultura limpa e natural. 4o3j14
Para discutir a questão, o Instituto Brasil Orgânico promoveu o webinar “Sistemas orgânicos e suas correntes: agricultura biodinâmica”, com a participação do Rogério Dias, presidente do Instituto Brasil Orgânico, e do Richard Charity, engenheiro agrônomo especialista em biodinâmica.
Lembrando sua iniciação no mundo agroecológico, Richard foi estagiário da Esalq numa fazenda de pecuária biodinâmica, que respeitava o ciclo da natureza e valorizava o ritmo dos animais, e com o tempo comprou um sítio em Teresópolis e acabou vivendo da agricultura biodinâmica. “Você observa a natureza quando adota a biodinâmica e esse movimento vai completar 100 anos! Muitos nem sabem o que é Demeter, quando aparece a logo nos produtos. A marca que está em 50 países. Em produtos com vinho, chocolates e café, o biodinâmico faz toda a diferença no ‘terroir’”, explicou.
Uma diferença básica nesse sistema de agricultura é dar vida ao solo, com restrições de adubação e com base em seis processos – preparados biodinâmicos, calendário astronômico, composto biodinâmico, organismo agrícola, integração animal e biodiversidade.
“Seguimos a lua e a força da natureza com plantio diferenciado para tubérculos, legumes, flores e folhagens. Olhamos o céu e o todo e não só o solo. Essa força, que vem do cosmos, é essencial para a agricultura biodinâmica. Nosso planeta é um grande organismo, hoje reconhecido pela ciência, e precisamos entender como manter a saúde e o equilíbrio da Terra. Rudolph Stein, fundador da biodinâmica, relacionou o processo com a fazenda que deve manter seu organismo reciclado pela natureza. A agricultura biodinâmica é vida com poder, em solo vivo”, conceituou Richard Charity.
Como usar os fundamentos biodinâmicos podem contribuir para a agricultura orgânica? Tudo pode ser absorvido pela produção orgânica. “Os estudos são amplos e a complexidade do biodinâmico promove vida e a nutrição dos produtos. Nossa alimentação é pobre, ultraprocessados e não tem energia. Força já existe nos orgânicos, o biodinâmico dá luz e foco nessa força”, destacou.
“Todo produto que a a ser degustado, os sabores se destacam e o consumidor conseguirá despertar a curiosidade de onde vem o alimento, da energia ao sistema de produção. Por isso, Chefs se propõem a usar mais alimentos saborosos e nutritivos, sejam orgânicos, PANCs ou demeter”, lembrou Rogério Dias, do IBO.
Ricardo Charity mostrou uma recente matéria no New York Times sobre o planeta vivo e lembra que os químicos, biólogos e agrônomos biodinâmicos que foram ridicularizados no ado, com a hipótese de Gaya, foram reconhecidos como pioneiros na informação da vida e equilíbrio da Terra. “Isso é biodinâmica. É a força terrestre que atuam nas plantas e crescem em direção ao cosmos para a luz do sol e da lua”, se encanta o agrônomo quando fala sobre formas, cores, texturas e vida. “A mensagem é que posso vivificar o solo e carregar a bateria do solo para me alimentar em outro nível. É na planta nativa brasileira que recebemos nossa força”.
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